Se o vinho é poesia engarrafada, o clima é a caneta que escreve essa história. E na Serra da Mantiqueira, onde as montanhas se esticam preguiçosas entre São Paulo e Minas, o céu parece conspirar a favor de cada cacho de uva.
Na Mantiqueira, o clima é quase um maestro de orquestra. No inverno, ele rege o silêncio das parreiras — tempo seco, céu limpo, noites frias e dias de sol que aquecem sem exagero. É como se a natureza desse um tempo pro vinhedo respirar fundo e se preparar pra brilhar.
A Serra da Mantiqueira, com altitudes acima de 1.000 metros, apresenta um clima com noites frias e grande amplitude térmica, que são ideais para a cultura da uva que são produzidas principalmente no inverno, entre os meses de junho e agosto, devido à técnica de dupla poda e aos microclimas de altitude.

Técnica da dupla poda
A técnica de dupla poda, que consiste em duas podas sucessivas, uma no final do inverno e outra no início da primavera, permite que a colheita ocorra no inverno, mesmo que as temperaturas sejam mais baixas. A colheita no inverno também evita o período chuvoso e as altas temperaturas do verão, garantindo que as uvas estejam em ótimas condições para serem colhidas.
Esse friozinho fora de época é o grande segredo da poda invertida, uma técnica que desafia o calendário: a videira dorme no verão e acorda no inverno, produzindo uvas no outono. Resultado? Uvas mais concentradas, com acidez e açúcar na medida — a combinação perfeita pra vinhos elegantes, cheios de alma e história.
E quando o sol se deita devagar no horizonte da Mantiqueira, pintando o céu de laranja e púrpura, é como se ele estivesse brindando com a gente.
A Serra da Mantiqueira tem se destacado como uma região produtora de vinhos de alta qualidade, com a produção de uvas no inverno. Veja o que a produtora de vinho Celia Carbonari, da Vinícola Villa Santa Maria, em São Bento do Sapucaí disse ao Agroclima: