Sindirações projeta crescimento de 3% do setor de alimentação animal em 2025

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Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal – Sindirações projeta alcançar a produção de 90 milhões de toneladas de rações e concentrados ao longo de 2025, além dos quase 4 milhões de toneladas de suplementos. A estimativa é avançar 3%, atingindo uma produção total em torno de 94 milhões de toneladas.

A melhora nos custos dos insumos associada às sinalizações preliminares apontando para a reversão do ciclo pecuário, ainda em 2024, impulsionaram uma reação importante em diversos segmentos que culminou na produção de 91,1 milhões de toneladas e movimentação financeira da ordem de R$ 160 bilhões, considerando apenas o custo de aquisição dos ingredientes de origem vegetal, animal, mineral e aditivos químicos utilizados.

“Essa expectativa está fortemente atrelada ao desempenho das cadeias produtivas de proteínas animais (carnes, leite, ovos e organismos aquáticos), muito embora as previsões de crescimento dependam de diversas variáveis”, segundo Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações.

Foto: arquivo istock

Estimativa da CONAB para safra brasileira é recorde de 328 milhões de toneladas de grãos em 2024/2025, impulsionada pelo clima mais favorável nas regiões produtoras, diferente do ciclo anterior marcado por estiagens e alagamentos em estados-chave.

Em relação ao mercado global de grãos, as estimativas do International Grain Council (IGC) e do USDA/WASDE divergem ligeiramente, mas ambas indicam que os estoques globais vêm encolhendo desde 2022, principalmente devido à menor oferta de milho (estiagem, pragas e menor área plantada na Argentina) e de soja (estiagem no sul do Brasil). Por aqui, a produção de 123 milhões de toneladas de milho e 167 milhões de toneladas de soja constituem montantes suficientes para suprir a demanda interna e os prováveis embarques ao exterior.

Zani destaca que a indústria de alimentação animal deve consumir cerca de 60 milhões de toneladas de milho (incluindo o seu derivado DDG) e 20 milhões de toneladas de farelo de soja em 2025, insumos que, somados, representam mais de 70% dos custos da alimentação animal, especialmente para aves e suínos. “Importante, inclusive atentar que a apetência dos demais demandadores (principalmente os biocombustíveis e a exportação) só vai aumentar e a disputa quantitativa pelos cereais e oleaginosas continuará crescendo nos anos vindouros”, complementa o executivo.

As cotações desses insumos apresentaram movimentos opostos entre a média de janeiro à dezembro/2024 comparadas à média janeiro a março/2025, ou seja, o milho subiu 29% (de R$ 64,00 para R$ 82,00/saca), enquanto o farelo de soja recuou 7,5% (de R$ 2.067,00 para R$ 1.911,00/tonelada). Nesse intervalo comparativo, o custo da ração para frangos de corte subiu apenas 5% em dólares, contudo em Reais o aumento foi de 15%.

No plano doméstico, o Brasil os desafios macroeconômicos seguem com a falta de um ajuste fiscal robusto, a persistência da inflação e o elevado custo do crédito. “A Lei 214/2025 que criou um novo sistema tributário (IBS, CBS, Seletivo), trará efeitos importantes para o setor, especialmente em relação à alíquota reduzida de insumos agropecuários e à nova sistemática de créditos fiscais. A sustentabilidade das contas públicas com a retomada da confiança dos investidores depende de um rigoroso controle das despesas capaz de arrefecer o impulso inflacionário sustentado pelo dólar nas alturas”, destaca Zani

No cenário internacional, o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA tem gerado tensão geopolítica, principalmente pela elevação de tarifas e outras decisões com impacto na disponibilidade, dinâmica das exportações e nos preços das commodities agrícolas e energéticas, como os grãos, etanol de milho e biodiesel de soja.

Diante desse complexo e desafiador cenário, Zani alerta: “a indústria de alimentação animal brasileira deve combinar resiliência operacional, gestão estratégica de custos e atenção às mudanças regulatórias, tributárias e climáticas para assegurar o suprimento e, quiçá, potencializar a competitividade das nossas cadeias produtivas de proteína animal”.

PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL (milhões tons)

Foto crédito: Sindirações

FRANGOS DE CORTE

Ainda em 2024, as rações destinadas aos frangos de corte representaram 36,9 milhões de toneladas, enquanto para as poedeiras somaram 7,18 milhões de toneladas. A produção de 14,9 milhões de toneladas de carne de frango foi sustentada, tanto pelo consumo interno, quanto pelas exportações que superaram 5 milhões de toneladas, posicionando o Brasil como maior exportador mundial. A perspectiva é que o setor de frangos de corte, motivado pela demanda externa, especialmente da Ásia e do Oriente Médio, cresça moderadamente durante o ano de 2025 e venha demandar 37,9 milhões de toneladas em 2025.

Fonte: ABPA, Adaptado Sindirações

SUINOCULTURA

A suinocultura consumiu 21,6 milhões de toneladas de rações em 2024, por conta da    crescente produção de carne suína que aproveitou a combinação dada pelos custos de produção mais controlados e do mercado externo favorável, somando 5,3 milhões de toneladas e mais de 1,3 milhão de toneladas exportadas para a China, Chile, Hong Kong e outros países. A tendência de crescimento da atividade, apesar de mais contida, poderá ainda resultar na demanda de 22 milhões de toneladas de rações em 2025.

Fonte: Abates/IBGE Dados Preliminares, Exportação/ABPA; Adaptado Sindirações

BOVINOCULTURA DE CORTE

O segmento de bovinos de corte ganhou relevância e consumiu 7,2 milhões de toneladas de rações em 2024, impulsionado pelo avanço dos regimes de confinamento e semiconfinamento e resultantes da adoção crescente da pecuária intensiva como estratégia para otimização da produção e manutenção do status do maior exportador mundial de carne bovina. Ao longo de 2025, a produção de rações para bovinocultura de corte deve superar 7,7 milhões de toneladas.

VARIAÇÃO NOS ÍNDICES (PREÇO DO BEZERRO E DO BOI GORDO)

Fonte: CEPEA, Adaptado Sindirações

BOVINOCULTURA LEITEIRA

Por sua vez, as vacas em lactação consumiram 7,1 milhões de toneladas de rações em 2024, em resposta à produção de 33,3 bilhões de litros de leite. A consolidação de grandes produtores e a automação dos sistemas são tendências importantes, assim como a busca por maior eficiência alimentar, o que deve culminar na demanda de 7,3 milhões de toneladas de rações para a bovinocultura leiteira em 2025.

VARIAÇÃO NOS ÍNDICES – LEITE

Fonte: CEPEA, Adaptado Sindirações