No Centro-Oeste do Brasil, a mudança do clima tem modificado o cenário da produção de soja e milho. No município goiano de Catalão, os produtores enfrentam os desafios dia a dia.
Mariana Aguiar Silva, é professora de Agronomia na cidade e diz que as altas temperaturas e a chuva irregular têm causado impactos significativos nas culturas com reflexo na economia local.
“Essas alterações afetam diretamente o desenvolvimento e a produtividade das plantas e, consequentemente, impacta todo o elo da cadeia agrícola”, afirma a professora.
Segundo Silva, para enfrentar o cenário de forma estratégica é importante adotar práticas agrícolas mais sustentáveis. A primeira delas é o plantio direto e rotação de culturas. Essas práticas melhoram a saúde do solo, aumentam a retenção de água e ajudam a quebrar o ciclo de pragas e doenças.
A segunda são as cultivares resistentes. “Optar por variedades de soja e milho adaptadas a altas temperaturas e à falta de água”, recomenda a professora.
A terceira recomendação tem haver com tecnologia. O uso de sensores para medir umidade e de sistemas de previsão climática podem auxiliar os produtores na tomada de decisões mais assertivas.
E, a última recomendação é investir em sistemas que economizem água e garantam sua distribuição uniforme, essencial para períodos de seca.
“A rotação de culturas e o plantio direto não só melhoram a estrutura do solo como favorecem a microbiota, aumentando a tolerância das plantas à seca”, explica Silva.

O papel da pesquisa
A pesquisa acadêmica desempenha um papel crucial nesse processo, identificando cultivares mais resistentes e promovendo o uso de tecnologias como drones e sensores que otimizam o uso de recursos.
“A agricultura de precisão permite um uso mais eficiente da água e dos fertilizantes, tornando as lavouras mais resilientes às mudanças climáticas”, destaca a professora.
Mariana também enfatiza a importância de políticas públicas que incentivem a adoção de práticas sustentáveis, como subsídios para tecnologias agrícolas, incentivos fiscais e seguros que cubram perdas causadas pelas mudanças climáticas.
“Muitos agricultores não têm os meios necessários para implementar essas adaptações, o que torna essencial o apoio do governo”, relata.
Mariana, acredita que com práticas sustentáveis, investimento em inovação e apoio público, a região de Catalão pode não apenas superar os impactos das mudanças climáticas, mas também se tornar uma referência em resiliência agrícola no Cerrado.